quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Registros de viagem

(Ao Marco, à Aline e ao Marinho)
Olá, vocês tanto pediram que vou-lhes contar um pouco de minhas andanças pela República italiana e pelo Reino de Espanha no final do ano passado e início deste.
Tudo bem, pessoal, não foram vários, na verdade, foi um pedido só, mas mesmo assim faço questão de atender!
Humm...
Ok...
Ninguém me pediu, tá? Mas vou contar assim mesmo.
Tô aqui ouvindo e me inspirando com Fuga y Misterio de Astor Piazzola e sinceramente não sei se escrevo ou ouço a música. Êh, Michel Camilo! Comprei esse CD na Fnac de Madri (ou foi na lojinha da Augusta?). Adorei! Ai ai.

A Itália

Era uma dia da semana. Final de ano. A viagem teria uma parada em Madri. Destino, Roma.
 Uma mala mediana e o táxi nos levou ao aeroporto.
Tarde ensolarada, faltavam algumas horas para embarque.
 Gente conhecida no pedaço: também nesse voo? Sim, vou para Espanha, blá, blá, blá...
Pensava na injeção que ia tomar: nossa, dolorida! Tomei, que jeito.
- Mister M, você providenciou nosso professor de italiano?
- Sim, um chinês que mora lá já há algum tempo.
- Bom, nossos negócios dependem da intelecção e de nossa desenvoltura na língua.
- No problemo, Miss T.
Ainda bem. Afinal, estávamos inscritos na maratona dos ambulantes dissonantes das terras tropicais e não podíamos perder a oportunidade de discutirmos a questão do uso da grande-angular no cinema basco.
Chegamos de madrugada no aeroporto Madrid-Barajas. Ninguém nos esperava no aeroporto.


Aliás, não havia ninguém nesse aeroporto. Coitado do meu papagaio, sem poder utilizar seus dotes poliglóticos, coloquei-o de volta no saco.
Ele ficou brigando com o violão.
Partimos novamente. Pra onde? Pra onde? Gritava o louro dentro do saco.
Entramos em outra aeronave (?), agora rumo a Roma, cujo rato roeu a roupa do rei.
Vieram os primeiros raios de sol.
Estavámos acomodados em nossos bancos apertados, quando, de repente, surgiu do lado de fora um carro possivelmente paramilitar portando alguma arma com algum tipo de gás. Gente, não foi minha imaginação! Olhem só!


E quando, então, daquela bazuca saiu a fumaça, não tive dúvida! Eles queriam nos dopar!!!


Não posso lhes dizer mais nada. Caí em sono profundo. Acordei na cidade de Rômulo e Remo, gritando Morricone, cheguei! Ennio!!! E pulei saltitante do avião, levei um tombo, pra variar. Ele nem mora lá o Morricone.
O chinês professor nos esperava. Ufa! Pelo menos ele.
Nossa, com uniforme de Tai Chi? Bem, fomos nos apresentar.
Ele: Buona “sela”.
Nós: Hã?
Ele, sério: Buona “sela”
Nós: Ah, buona sera!
Ele, bravo: Non, buona “SELA”
Nós: Oh, ok, buona “sela”
Começávamos a nos entender.
Nosso professor chinês de italiano, quando ficava nervoso, curvava seus dedos, formando uma garra.
Eu tinha medo. Pensava: ainda vou apanhar desse cara...

Foto de nosso professor chinês de italiano que, nas horas vagas, trabalhava como gondoleiro em Veneza

Bem, malas no carro, chegada no hotel, prédio antigo, elevador idem, parecia o elevador do Largo do Café daqui de São Paulo.
Quarto. Descanso um pouco.
Pessoal, vou pular as histórias de visitas a museus, praças, lojas, restaurantes, e outros passeios afins. Ou vocês fazem mesmo questão de ver as mais de cinco mil fotos que tiramos de Roma?
Bem que eu tentei vê-las, admito, mas quando meu filho chegou em casa, me pegou dormindo no sofá e as fotos rodando na televisão... não vi absolutamente nada!
Ok, gente, preciso dormir, amanhã escrevo mais.
“ALIVEDELCI” (foi assim que meu professor chinês de italiano me ensinou...)